Eleições e a face do povo

Hoje estava eu a ver televisão, o Jornal da Noite para ser mais específico, e deparo-me com varias noticias de campanhas eleitorais. Nestas, fico “maravilhado” com a face politica do nosso país. Constato que a politica ainda é feita pela manipulação de velhos idosos que não fazem a mínima ideia do que dizem e fazem comparações estúpidas em nome de uma pessoa com quem nunca sequer tomaram uma bica.

Uma das comparações que fizeram, e esta garanto que me agoniou a alma, foi que o “Sócrates é um ditador, é tal e qual o Pinochet!”. Esta frase foi feita por um cidadão anónimo durante uma manifestação da CDU/PCP. Apesar de tudo o que se possa apontar a um líder politico actual, a acusação de ser um líder ditador sanguinário é completamente descabida e, digamos também, completamente ofensiva para a capacidade cognitiva de qualquer pessoa que vislumbre este tipo de insinuação.

E agora começa a guerra. Aproximam-se as eleições e a dança das cadeiras começa. Acusações sobrepõem-se às ideias.

A base política de hoje em dia é “votem em mim porque ele não fez nada de jeito…”. Nunca se ouve alguém dizer “votem em mim porque tenho umas ideias porreiras que podem ser úteis para a sociedade”.  A base politica é o Sócrates a dizer que faz todo o sentido ele ficar no poder e com maioria politica. Os restantes basicamente dizem que o Sócrates não percebe ou não faz nada de jeito e que são melhores e não sei que.

Eu sempre fui apoiante CDU/PCP e sempre votei BE, e apesar de não ser coerente eu sempre achei que tanto a CDU/PCP e BE tinham uma orientação política que me agradava mas como o BE tem menos apoiantes o meu voto faria mais sentido no apoio ao BE.

Na minha opinião, e devem ter em conta que não sou e nunca fui apoiante do PS, é que neste ponto o mais favorável para o País será mesmo manter o Sócrates no poder.  A mudança agora iria influenciar a estabilidade financeira e provocar uma retracção no investimento pois até ver a nova orientação politica em funcionamento, os investidores não vão arriscar porque num clima instável o investimento é inseguro.

A outra questão agora é que, independentemente de tudo o que lhe possam apontar, o Sócrates fez. Se fez bem ou fez mal é outra questão, mas ao contrário dos seus antecessores fez alguma coisa. Está como obra feita pelo actual primeiro ministro o “plano tecnológico”, as “E-Escolas”, as “Novas Oportunidades”, o “Magalhães” (Programa E-Escolinhas), falando das coisas mais conhecidas. Outras coisas como a avaliação da função pública e dos professores, que gerou polémica mas que eu concordo plenamente (se calhar não com o método actual mas com  um modelo mais ponderado), entre outras coisas.

Fez obra, gostem ou não, mas é um politico que faz.

Neste momento há mais preocupações em acusar o Sócrates de tudo e mais alguma coisa. Acusam o Sócrates de arrastar o país para uma crise quando na realidade só não fomos atingidos com mais força porque o governo actual conseguiu com algumas medidas absorver parte do impacto. Acusam o Sócrates de mentir quando prometeu criar mais empregos quando na verdade apesar de os mesmos não terem sido criados ser culpa de uma crise internacional da qual ele não tem controlo directo e dos senhores “patrões” preferirem aproveitar a crise para despedir funcionários para conseguirem aumentar os lucros. Infelizmente a crise está aí e vai durar. O povo está sem dinheiro, sem emprego e quase sem esperança, mas o futuro apresenta-se negro por causa das eleições. Instabilidade politica neste momento é a pior coisa que poderá acontecer pelo motivo já citado.

Neste ponto, e pondo a minha opção politica de parte, penso que o ideal, tanto a nível nacional como a nível europeu, seria a suspensão das eleições e congelação dos mandatos actuais até a estabilidade dos mercados nacionais e internacionais restabelecerem a confiança dos investidores. Quando a crise estiver realmente controlada e um futuro com mais confiança seja uma realidade, aí sim, ser terminados de imediato todos os mandatos que estariam congelados e umas novas eleições serem agendadas.

É nesta altura que já começo a duvidar que alguma coisa do que eu digo faça realmente sentido, mas é sem duvida a minha opinião.

Os melhores cumprimentos a todos.

Lembranças de uma escola…

Domingo, dia da mãe, saímos para mais um passeio em família. Depois de almoçarmos em Vendas Novas decidimos ir tomar um café então a Alcácer do Sal, onde à chegada, decidimos ir comer um gelado, que tanto nos apetecia (pois estavam, segundo o termómetro do carro, uns abrasadores 32º), numa geladaria que lá existe. Enquanto comíamos o gelado reparei num panfleto a publicitar um mapa para a ajuda no combate ao cancro. O que despertou nesse cartaz foi o nome do restaurante que lá se encontrava retratado, “A Escola”. Com um desenho de uma Escola Primária de arquitectura antiga, este deixou-me intrigado.

Após arrancarmos com destino ainda incerto, decidimos dar um saltinho à praia da Comporta, pois apesar de ser fim de tarde, o calor continuava a apertar e ir apanhar um solzinho à praia sabe sempre bem.

Foi durante este percurso que encontramos esta escola, remodelada para um novo propósito. Mas, não foi ainda nesta passagem que a decidimos ir visitar.

Na praia, depois de molharmos os pezinhos na agua, que se encontrava com uma temperatura deliciosamente apetecível, e devido ao transito do regresso do fim de semana alongado decidimos petiscar algo por ali mesmo.

Como ao chegarmos ao bar da praia termos sido postos imediatamente na linha de espera pois estava tudo reservado, apesar de todas as mesas no interior estarem vagas, decidimos dar corda aos “calcantes” e irmos petiscar a outro lugar. Foi aí que surgiu a ideia de conhecermos então a tão intrigante “escola”.

Ao chegarmos ao nosso destino, foi com esta imagem que nos deparamos, uma autêntica escola primária.

Ao entrarmos fomos recebidos pelo proprietário que interpelou aquando eu estava a demonstrar o uso de uma pequena secretária ao meu filho.

Muito simpático, o Sr. Henrique Galvão Lopes, demonstrou ao meu pequeno as canetas que se usavam na altura e nos contou a história deste estabelecimento.

Depois de 20 anos a trabalhar na Lisnave, por altura dos anos 80, decidiu abandonar o seu emprego e abrir um estabelecimento próprio, pelo que abriu em Alcácer a geladaria “O Jardim”, que curiosamente foi a geladaria onde nós estivemos durante a tarde a saborear os gelados. Passado algum tempo, na localidade onde passara grande parte da sua infância, decidia dar uma nova vida à velha escola primária que havia fechado no término do ano lectivo de 1982/83 e que se encontrava abandonada. Com esta nova vida, este espaço, passa a ser um lugar onde se pode degustar a história da região.

Passo então a descrever a experiência que foi esta visita a este restaurante.

Para entrada decidimos petiscar uma linguiça frita. Frita no ponto certo e com um sabor bastante apurado. Para qualquer apreciador de enchidos será, com certeza, uma entrada a considerar. Outras entradas como Atum com Feijão Frade, Bacalhau com Grão, Cenoura Aberta, Melão com Presunto, Coelho de Coentrada e Pimento Desfiado estão também presentes na ementa.

Para o jantar optamos por Batatas de Rebolão.

Com um cheirinho de fazer crescer água na boca, esta iguaria desperta, só pela sua presença, todas as papilas gustativas e nos deixa já na expectativa do seu sabor. Composto por entrecosto frito, chouriço e batatas, que após serem cozidas são ligeiramente fritas, compõem uma sinfonia gustativa divinal.

O entrecosto, muito tenro, apresenta um tempero moderado, ideal, que não se sobrepondo ao sabor natural da carne, lhe confere aquele “qualquer coisa” que o torna divinal. O chouriço às rodelas ajuda a limpar o palato para que a cada nova garfada o prazer gustativo se renove. Tendo como acompanhamento a batata, esta serve o propósito de equilibrar o prato, não permitindo que se torne enjoativo, sendo assim um elemento indispensável.

Após nos deleitarmos com esta iguaria avançamos para as sobremesas. Optamos por uma fatia de Tarte de Pinhão e um Doce da Casa.

No que diz respeito à Tarte de Pinhão só há uma palavra para a descrever, “Divinal”. E para quem é amante de pinhão nada melhor que o saborear nesta magnifica sobremesa, que acentua o melhor sabor do pinhão. É simplesmente maravilhosa.

Em relação ao Doce da Casa, e estando à espera de um qualquer sobremesa fria eis que sou surpreendido por uma tentação servida à temperatura ambiente. Esta sobremesa apresenta um sabor quente destacando o sabor do pinhão e noz. Não conseguindo descortinar os restantes ingredientes, apenas nos é permitido navegar no mar quente de sabores. Recomenda-se esta sobremesa a todos os que gostam dos sabores quentes das nozes e dos pinhões e do sabor doce que os envolve.

Não deixando de referir que para além destas iguarias que provamos, também outras especialidades da região se encontram na ementa, tais como o Feijão Adubado, Ensopado de Lebre, Pombo Bravo de Nabiçada e Ensopado de Borrego. Como especialidade recomendada pelo Sr. Henrique encontra-se a Empada de Coelho Bravo com Arroz de Pinhões.

Existem também várias especialidades de peixe e mariscos disponíveis para os amantes deste tipo de prato.

Quanto às instalações, só posso referir que é um dos espaços mais acolhedores e asseados dos quais passei nos últimos tempos. Desde a limpeza e higiene das casas de banho até ao facto de quando vamos lavar as mãos não encontramos, para as secar, aqueles papéis horríveis que se desfazem nas mãos, mas sim pequenas toalhas.

No final, e fazendo as contas, não se gastou mais do que se costuma gastar num restaurante qualquer, a conta pelos dois adultos e pela criança, incluindo sobremesas rondou os 30€, que na minha opinião vale cada cêntimo e ainda considero barato. Fica como nota positiva a existência de menu infantil da maioria dos pratos, sendo este disponibilizado pela quantia simbólica de 3€, o que torna este menu quase oferecido.

Por tudo isto, este é o restaurante que recomendo com melhor nota que possa atribuir. A simpatia no atendimento e a disponibilidade demonstrada para satisfazer todas as nossas necessidades foi um factor constante, se estiverem perto, ou ainda, se estiverem longe, e desejarem provar algo que vos vai certamente agradar, este é realmente o sitio a ir.

Dados do Restaurante:

Localização:

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Cachopos, Alcácer do Sal (Estrada de quem vai de Alcácer do Sal para a Comporta)

Contactos:
Telefone: 265 612 816

Encerra à Segunda-Feira.